Você é um líder Gratilovers ou Elon Muskers?

No universo corporativo, onde a disrupção tecnológica acontece na velocidade da luz e as necessidades humanas de propósito e conexão só aumentam, emergem dois perfis distintos de liderança que representam extremos opostos: os Gratilovers e os Elon Muskers. Enquanto os primeiros priorizam de forma exagerada o fator humano, os segundos são impulsionados exclusivamente pela eficiência, inovação e resultados, muitas vezes ancorados em tecnologia e processos.

Mas será que um desses perfis é suficiente para garantir sucesso no cenário atual? Ou seria mais estratégico adotar uma liderança híbrida, que combinasse o “Tech” da inovação tecnológica com o “Touch” da sensibilidade humana? Este artigo explora a liderança Tech & Touch, que representa uma evolução do conceito de liderança ambidestra ou 4.0, e discute como equilibrar essas duas forças pode ser o diferencial do líder contemporâneo.

 

O Que é a Liderança 4.0 ou Tech & Touch?

A liderança 4.0 emerge no contexto da Quarta Revolução Industrial, uma era marcada por avanços exponenciais em inteligência artificial, automação, internet das coisas (IoT) e análise de dados. Nessa nova realidade, os líderes precisam dominar duas áreas cruciais: tecnologia e relações humanas. A liderança Tech & Touch sugere que o líder contemporâneo é aquele que consegue equilibrar ambos os aspectos – mantendo a inovação e a tecnologia como pilares estratégicos sem perder de vista a conexão emocional e o bem-estar das pessoas.

 

Líderes Focados em Pessoas – Os Gratilovers

O termo Gratilover pode ser visto como uma brincadeira, mas é inspirado em uma liderança com extremo e exclusivo foco em pessoas, muitas vezes se tornando complacente, não focando nos resultados e processo e sim apenas na satisfação das pessoas. Aquele Chefe “abraçador de arvore”.  Longe de mim criar um  ovimento de raters aqui… Tudo é sobre pessoas, mas negócios também dependem de performance e resultados que estas pessoas geram. Não adianta ter um clima e liderança super amiga e a empresa falir depois de alguns meses.

Principais características de um Gratilover:

Extremamente Emocional: muitas vezes desenvolver uma postura passiva e até de vítima. Tem pouca inteligência emocional para liderar com situações de crise e conflito ( atenção… conflito não é confronto ). Acreditam que basta estar todos bem que os resultados virão.

 

Analfabetos Digitais: Acreditam que a tecnologia irá roubar os empregos das pessoas. Não veem a tecnologia como meio de transformação e potencia, e sim como como fim.

Não tem interesse em aprender novas tecnologia e implementar a mudanças.

Resistentes a mudanças: são reativos a mudanças, acreditam que são vitimas destas mudanças e se mantem enraizados em métodos antigos de gestão de pessoas e liderança.

Líderes Focados em Tecnologia – Os Elon Muskers

Na outra ponta, temos os líderes do tipo Elon Muskers, que são visionários, focados em inovação e disruptores natos. Estes líderes são muitas vezes associados a figuras como Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, cuja liderança é definida por uma busca implacável por eficiência, inovação e resultados ousados. Para esses líderes, a tecnologia é a chave para resolver grandes problemas globais e, muitas vezes, eles priorizam a eficiência e a inovação tecnológica sobre as necessidades emocionais dos colaboradores.

Principais características de um Elon Musker:

Foco Intenso em Resultados

  • Seu principal objetivo é atingir metas e melhorar a produtividade. Ele é incansável na busca por eficiência, cortando qualquer fator que não contribua diretamente para o resultado final.
  • Muitas vezes vê os colaboradores como meios para atingir os fins da empresa, sendo mais preocupado com a performance do que com o bem-estar da equipe.

Baixa Sensibilidade às Necessidades Emocionais

  • Tem pouca ou nenhuma paciência para lidar com problemas emocionais ou questões pessoais dos colaboradores. Vê essas questões como distrações que afastam o foco das metas da empresa.
  • A empatia é mínima, e ele pode ter dificuldade de reconhecer as necessidades humanas de suporte emocional ou acolhimento.

Resistência a Mudanças Emocionais ou Culturais

  • Se preocupa muito mais com mudanças tecnológicas ou estratégicas do que com transformações culturais ou de relacionamento dentro da equipe.
  • É resistente a iniciativas que visam melhorar o clima organizacional se não enxergar uma conexão direta com o aumento da produtividade.

Baixa Escuta Ativa

  • Tem dificuldade em ouvir com atenção as preocupações emocionais dos outros. Ele pode ser impaciente ou pouco receptivo quando alguém busca expressar sentimentos ou problemas não diretamente relacionados ao trabalho.

Por Que o Equilíbrio Entre Tech & Touch é Crucial?

Nenhum dos dois extremos – Gratilover ou Elon Musker – consegue sozinho atender às demandas complexas do mercado e das pessoas nos dias atuais. O segredo do sucesso na liderança contemporânea está na ambidestria, ou seja, na capacidade de combinar eficiência operacional e inovação tecnológica com uma forte inteligência emocional e habilidades de relacionamento.

Líderes ambidestros são aqueles que, como descreve Michael L. Tushman em seu livro “Lead and Disrupt”, conseguem equilibrar as operações atuais da empresa com a necessidade de inovar continuamente. Isso implica:

Foco no Curto Prazo (Tech): Manter a eficiência e a inovação tecnológica em alta, garantindo que a empresa esteja sempre na vanguarda do setor.

Foco no Longo Prazo (Touch): Criar e nutrir relações profundas com os colaboradores, garantindo que estejam engajados, satisfeitos e comprometidos com os valores da organização.

O best-seller “Inteligência Emocional 2.0” de Travis Bradberry reforça que líderes com alta inteligência emocional são mais eficazes na construção de relacionamentos de longo prazo e na gestão de equipes. Enquanto a tecnologia pode resolver muitos problemas práticos, a motivação, confiança e lealdade das pessoas – fatores fundamentais para a sustentabilidade dos negócios – ainda são construídos no domínio das relações humanas.

Como Desenvolver a Liderança Tech & Touch?

Para liderar com sucesso na era 4.0, o líder precisa integrar tanto as habilidades tecnológicas quanto as emocionais. A seguir, algumas práticas para fortalecer o equilíbrio entre o Tech e o Touch:

Educação Contínua em Tecnologia – O líder contemporâneo precisa estar familiarizado com as novas tendências tecnológicas que impactam o seu setor, desde inteligência artificial até blockchain. Participar de treinamentos, eventos do setor e manter-se atualizado é crucial para ser um líder inovador.

Desenvolvimento de Soft Skills – Habilidades como empatia, escuta ativa e comunicação clara são tão importantes quanto o conhecimento técnico. Ferramentas como coaching, mentorias e feedback estruturado podem ajudar no desenvolvimento dessas competências.

Construção de um Ambiente de Confiança – Um líder ambidestro precisa criar um espaço onde as pessoas sintam que podem errar, aprender e contribuir. O ambiente de confiança não significa a ausência de cobrança, mas sim o equilíbrio entre pressão e suporte.

Delegar e Capacitar – Líderes que tentam abraçar tudo, tanto no campo da tecnologia quanto nas relações humanas, acabam se esgotando. Delegar responsabilidades e empoderar equipes é essencial para manter o equilíbrio.

Ser um líder Gratilover ou Elon Musker pode trazer sucessos momentâneos, mas é a liderança Tech & Touch – uma combinação inteligente de inovação tecnológica e sensibilidade humana – que garante o sucesso sustentável em tempos de disrupção.

À medida que a Quarta Revolução Industrial continua a transformar o mundo, os líderes que souberem equilibrar a paixão pela inovação com o cuidado com as pessoas serão aqueles que prosperarão. Eles não serão apenas inovadores ou empáticos, mas sim ambidestros – líderes preparados para navegar com eficiência tanto no mundo da tecnologia quanto no das emoções humanas.

Como bem colocou Daniel Goleman, autor de “Inteligência Emocional”, “liderar é uma arte de coração e mente”. Na era 4.0, o coração e a mente do líder precisam trabalhar juntos para criar organizações que inovam e cuidam, que crescem e nutrem, que são tecnológicas e humanas.

E você? Em qual lado do espectro está? Ou está pronto para se tornar um líder Tech & Touch?

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Cristiano Santos é diretor da People Desenvolvimento Humano, especialista em liderança e produtividade e autor do livro LEADER SKILLS, competências estratégicas para liderança e produtividade.